Prefácio por Bob Sharp
Há pessoas por quem temos grande admiração, outras nos são indiferentes. Algumas estão sempre no nosso pensamento, outras, passam-se anos sem que nos lembremos delas. No primeiro grupo certamente está este holandês chamado Jan Johannes Hendrik Balder, ou Jan Balder, seu nome profissional e como é conhecido no meio.
Conheci-o não sei quando exatamente, imagino meados dos anos 1960, ou um pouco antes, mas o certo é que isso aconteceu em torno da marca de automóvel com a qual estávamos envolvidos, DKW-Vemag e, evidentemente, por gravitarmos em torno desse maravilhoso esporte a motor que é o automobilismo.
Temos pequena diferença de idade — quatro anos — mas à medida que o tempo avança essa diferença encolhe, Na minha primeira corrida, aos 20 anos, o Jan só tinha 16. Fazia uma enorme diferença; hoje, nada.
Nesses cinquenta anos vi o Jan ajudante de piloto e de equipe, piloto, dono de equipe, jornalista, promotor de provas náuticas de regularidade e, nos últimos sete anos, idealizador e diretor de uma notável forma de automobilismo: o rali de regularidade em circuito fechado, em autódromo.
Assim como Wilson Fittipaldi, o radialista que criou a “Mille Miglia” em autódromo, a Mil Milhas Brasileiras, em 1956, um ano antes da célebre prova de estrada italiana correr pela última vez, o Jan, diante da cada vez mais difícil organização de ralis, tradicional e historicamente realizado em estradas, pensou por que não rali num autódromo.
Essa capacidade de realização, associada uma rapidez de cálculo admirável, certamente é herança genética do pai, engenheiro Antoni Balder, que tive a oportunidade e o prazer de conhecer, juntamente com a mãe do Jan, d. Beppe, pessoas inesquecíveis.
Este não é o primeiro livro do Jan. Em 2004 ele publicou uma obra incrível, “Nos bastidores do automobilismo brasileiro”, com o título complementar “Por que tantas vezes campeão?” — lembrando que de 1972 a 1991 três pilotos deram ao Brasil oito títulos mundiais de Fórmula 1. Nesse livro ele cumpre fielmente o que promete no título e mostra o que está por detrás do palco do nosso automobilismo, a verdade nua.
Agora, em Nos bastidores- uma era de ouro, o Jan trata dois temas apaixonantes para quem o conhece ou vai conhecer ao ler o livro. Dois temas habilmente contados em paralelo. Um, sua vida como piloto e dono de equipe, as tristezas, as alegrias, os percalços, as decepções. Como são grandes as dificuldades para manter uma equipe ativa e como é difícil viver dessa atividade. Outro, um período do automobilismo internacional, notadamente a F-1, as tentativas de muitos brasileiros a ela chegar, várias delas frustradas, entremeados com momentos de grande pesar pela perda de tantos pilotos..Essa visão que o Jan compartilha com o leitor não tem preço.
O livro prende a atenção como poucos, da primeira à última palavra, é “devorado” com ansiedade pelo leitor, em especial quem tem paixão pelo automobilismo.
Bob Sharp
Fotos Livro 2
Jan Balder 